2 de junho de 2009
"Revolto-me, logo existo". (Albert Camus)
(visita)
O fim da frase: "você tem fogo?"
Nina Lemos
- Você tem fogo?
Quem na vida nunca usou essa estratégia de paquera? Ela sempre foi muito simples e simpática. E você nem precisava fumar. Podia fingir, dar uns tragos e depois jogar o cigarro fora. Ou nem acender. Essa era apenas uma maneira de chegar em alguém. Bacana. E também uma forma de fazer amigos.
Quantas amizades não foram feitas na noite com essa perguntinha simples? Muitas. Quantas histórias de amor não começam com “então, ele foi me pedir um cigarro”. Pronto. Tudo isso acabou. Em breve ninguém mais vai poder fumar dentro de nenhum lugar em São Paulo. Nem no show de rock de um pretê que te deixa nervosa. Nem lá pelas cinco da manhã na boate, quando você não sabe mais o que fazer com as próprias mãos depois de cinco conversas com um bonitinho e “nada dele te beijar”.
Também acabou a cumplicidade da ala de fumantes. “Onde vamos sentar?” “Ah, lembrei, você também fuma”. Ou mesmo a gentileza do homem que não fuma mas aceita a área de fumantes só para nos agradar. Acabou. Não existirão mais áreas de fumantes em restaurantes.
E os cafés? O que serão deles? O que fazer naquela hora em que você acaba de beijar o cara pela primeira vez e está decidindo se vai ou não para a casa dele? Quer dizer, você acaba indo sempre, mas é bom fumar um cigarro para pensar.
E as discussões? E agora? Como vai ser? Melhor nem pensar nos pés na bunda. Imagina levar um pé na bunda em um restaurante e não poder fumar na hora em que ele diz que “veja bem, melhor a gente ser mesmo só amigo”. E no Studio ou coisa parecida, depois que aquele seu caso acaba de agarrar outra na sua frente? Desespero.
Cigarro faz mal pra caramba. Mas já tem muito texto falando sobre isso hoje na Internet. O que lamento nesse espaço é que nunca mais, no meio do clube, ouvirei a frase: “Você tem fogo?”. Triste. (extraído daqui)
Sobremesa: "Desconfia dos que não fumam". (Mário Quintana)
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