Audrey Tautou e Mathieu Kassovitz em
Taquicardia
Raquel Medeiros
Se é noite, exaspero.
Pernas que vacilam
Tez que enrubesce
Esse desejo sempre cresce
Nas minhas mãos
Que oscilam.
Se é dia, espero
Se é noite, exaspero.
Que o amor não me cegue
Mas me cerre os olhos
E quando a noite
Pintar o céu de negro esmalte
Que o amor me agarre
E não me solte.
Se é dia, espero
Se é noite, exaspero.
Que a mão que afaga
Me apedreje
Em dias masoquistas
E que despeje em minha pele
Todas as suas
Vorazes carícias.
Se é dia, espero
Se é noite, exaspero.
Que não seja prisão
Que não seja missão
Que não seja obrigação
Que seja sina
Que seja rima
No íntimo coração
Se é dia, espero
Se é noite exaspero.
Que seja viril
Que seja charmoso
Como música no vinil
E que por hora temeroso
Jamais seja vil.
Se é dia, espero
Se é noite, exaspero.
Que me acalente
Que me tente
Sereno na dor
Ardência,
Me livre de qualquer amor
Que não seja febril.
Se é dia, espero
Se é noite, exaspero.
Que nem sempre seja alinhado
Que haja aqui e ali
Uma bifurcação na estrada
E que seja o sujeito nunca indeterminado
Da minha ação mais desejada.
Se é dia, espero
Se é noite exaspero.
Sobremesa: "We were talking.../ about the space between us all/ and the people/ who hide themselves behind a wall of illusion/ never glimpse the truth/ when it's far too late... when they pass away.../ We were talking about the love/ we all could share/ when we find it.../ to try our best to hold it there (with our love)/ with our love we could save the world/ if they only knew..." (The Beatles)