18 de março de 2009

Two For The Road

Ann e Cooper se conheceram e se separaram ainda nos tempos de colégio. Mas não era uma história qualquer para terminar junto com o ano letivo. Eles tinham o que chamamos de química e partilhavam afinidades e sonhos.

Dez anos depois, eles se encontram e resolvem seguir juntos numa viagem de carro em busca dos seus sonhos. Uma chance única e última para tornar realidade os devaneios lúcidos de antes.

Essa é a história do mais novo projeto do produtor Marc Collin (produtor também do Nouvelle Vague), chamado Two For The Road, numa referência ao filme homônimo de 1967, dirigido por Stanley Donen, estrelado por Audrey Hepburn e Albert Finney. Nos vocais, a cantora dinamarquesa Katrine Ottosen e o cantor ítalo-americano Valente (Ann e Cooper, respectivamente).

Um disco para ouvir a dois ou a sós. Deixo aqui uma espécie de clipe da música que leva o nome do disco. No vídeo, cenas do filme de 67.

Dá vontade de viajar a dois. Uma delícia.

6 de março de 2009


foto por Evgen Bavcar

Ladeira abaixo

Olinda. Domingo de carnaval. Meio-dia. Tenho uma coisa pra lhe dizer, “acabou”, disse ele. Ela não entendeu, e sorrindo, pediu que ele repetisse. “ACABOU”, e sumiu em meio a super-heróis e palhaços. Ela parou por uns segundos e foi levada pela multidão. Me segura que senão eu caio. Uma rainha de copas destronada, sedenta por cortar a cabeça de alguém. Nas Vassourinhas as pessoas enlouquecem. Levou um tombo que a fez ficar descalça. Não faltava mais nada.
Onde fica a minha casa? Pensou. E na confusão, lembrou que estava hospedada na casa de um tio dele. Não voltaria. Não é vantagem. Deixaria suas roupas e a esperança de que ele sentisse um tanto de remorso. Confete, serpentina, suor, choro, chuva, calor, polícia fantasiada e ladrão sem fantasia, mas cheio de imaginação. O frevo doía como ferida aberta. Alegria demais. Cores demais. Beijos em muitos e aos montes. No meio da multidão, espremida entre princesas, fadas e demônios. Tanta gente e ela tão só. É de amargar.
Tonta e desorientada, começou a cantar – num ritmo fúnebre - enquanto tentava abrir espaço entre os foliões: Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor.

Sobremesa: "Na frente sigo eu/ levo o estandarte de um amor, o amor que se perdeu no carnaval/ lá vai meu bloco, lá vou eu também/ mais uma vez sem ter ninguém". (bloco da solidão)