12 de julho de 2010
Harvey Pekar e Robert Crumb.
American Splendor
É preciso acordar bem, descansada e sem olheiras. Corretivo suaviza o último. Fazer o melhor no trabalho, juntar as melhores palavras até para vender pesadelo. Alimentar-se bem e resolver todas as dívidas em duas horas de almoço. É preciso controlar o corpo e o tempo, mesmo sabendo que quem ri por último é o último. Ser melhor vizinha, irmã, filha, amiga, mulher, dona de casa, cidadã. E depois é preciso dormir oito horas. Porque é melhor. Sem contestação.
É preciso ser melhor, em tudo. E nunca somos o suficiente.
Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Salve Clarice.
As frustrações e paixões cotidianas, o funcionário da mesa ao lado, o cidadão americano, a incapacidade de ser diferente. De ser melhor?
Assim conheci Harvey Pekar, irônico, ácido e frágil. Cheio de falhas, dores e paixões. Tão talentoso e tão triste. De tão ranzinza se tornou engraçado. E sem querer ser melhor, se tornou único. Imperfeito, como qualquer humano. Perfeito como só os anti-heróis conseguem ser.
Sobremesa: Cleveland, 8 de Outubro de 1939 — 12 de Julho de 2010.
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