1 de junho de 2006
Drawing for canvas in bar - Elph
Relato passado de angústia presente
Raquel Medeiros
Tenho medo das tuas mãos. De ler nelas verdades sobre mim. Sobre nós. De ter meu futuro ironicamente traçado nas tuas tortas linhas.
Nunca fui reta. Nem sempre estive certa. De alguns buracos não consegui desviar. Algumas quedas me recusei a evitar.
Tive doces e amargas surpresas. Jantares meticulosamente preparados pra ninguém, e convidados que me surpreenderam quando tinha um uníco prato de sopa rala pra oferecer.
Tenho medo dos teus olhos. De ver verdades sobre mim. Sobre nós. De ter a minha face assustadoramente refletida nos teus vidros escuros.
Esse teu eterno espelho de mim, que tentei encobrir com lençóis grandes e que, ainda assim, revelaram cada cicatriz, física e emocional.
Cravo a face no travesseiro pra abafar o choro. Não descanso. Canso dessas idas e vindas. Dessas despedidas. Choro por egoísmo, que altruísmo é sempre tarefa do vizinho.
Não escrevo coerentemente. Não ando coordenadamente. Não penso racionalmente. Essas palavras saem feito sangue que não estanca, assim como esses passos tortos.
Esses pensamentos impulsivos, impossíveis de descrever.
Sobremesa: "Cresce o ponto bem no meio do amor seu centro/ assim como o que a gente sente e não diz cresce dentro". (Paulo Leminski)
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