10 de julho de 2006


"Mas o que eu quero é lhe dizer
que a coisa aqui tá preta".
(Chico Buarque)

* Ilustração de Rafal Olbisnki

Antipoema (trechos)
Fernando Bonassi

Alguns números dessa história

4 e meio bilhões de habitantes em confusão; 146 nações desunidas; 20 anos de ditadura; 11 contra 11; 2 torres gêmeas sacudidas; 32 dentes imaturos; 12 meses para pagar; 9 meses de gestação até a dilatação; 3 por 4 no RG; 30 mil mortos nas ruas de Chernobyl; uma puta que o pariu; 27 bichos no jogo da sorte; 24 horas de prazo com o destino; 5 dias de folia por 1 de arrependimento; 2 cabeças (uma que pensa e uma que pulsa); 2 lados da mesma moeda; 2 forças antagônicas; 2 bombas atômicas; 241 bilhões de dólares em armamentos; 7 anos de azar por espelho; 40 ladrões; 40 passageiros em pé; 36 lápis de cor; 10 metros num segundo é a gravidade das coisas desse mundo; 3 desejos irrealizáveis; 1 gênio da lâmpada; 7 pecados capitais; 7 orifícios do coração; 7 estrelas da Ursa Maior; 5 elementos; 54 cartas por baralho viciado; uma sintonia incompreensível e 9 sinfonias inacabadas; 123 quilômetros de congestionamento; 2 Coréias separadas; 2 pra lá, 2 pra cá; 2 pilotos por equipe; 8 cavalos no páreo; 24 quadros por segundo; 4 patas; 200 metros com barreiras intransponíveis; 1 trocado de aumento; 1 par de sapatos para Dorothy; 1 homem de lata; 1 homem, uma mulher; uma bala na agulha; 1 geração perdida; 26 milhões de banguelas comendo rapadura; 176 milhões de touxas à espera do futuro.

Sobremesa: "É pirueta pra cavar o ganha-pão/ que a gente vai cavando só de birra, só de sarro/ e a gente vai fumando que, também, sem um cigarro/ ninguém segura esse rojão". (Chico Buarque)

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