17 de março de 2008


desde cedo eu já trocava a noite pelo dia.

Texto para não dormir

Raquel Medeiros

O dia clareando a janela e meu sono difícil. Impossível adormecer as 6 e acordar bem às 7:30. “É melhor levantar de uma vez”, lamentei. E fiz. Tomei café, e enquanto fumava o primeiro cigarro do dia, veio o sono. Água fria nele!
Uma música, um carinho no cachorro, e lá vem ele de novo – o sono. Arrumo-me às pressas (pra evitar a elaboração de uma desculpa) e saio.

O sol inclemente lá fora. Sem pilha, sem música, sem paciência. Entro no ônibus. O cobrador reclama da coluna e me dá o troco sem responder meu bom dia. Acontece. Sento e quando o veículo começa a balançar menos sinto o peso nas pálpebras. “Acorda, Raquel, sua parada é a próxima”, constato.

Desço do ônibus, acendo um cigarro. O dia está lindo, mas quente como o inferno (e há quem pense que não é aqui). Chego ao trabalho, ligo o computador. Vejo emails, algumas notícias, a pauta do dia e levanto pra tomar um café antes que eu adormeça com a testa na tecla “z”.

Um café, um cigarro. Termino a minha pauta ainda de manhã. Um alívio seguido de um bocejo. Hora do almoço, Como pouco (o sono maior que a fome), volto para o trabalho (agora sim tenho certeza que o inferno é aqui). Sento no computador: nenhum email não lido, nenhum trabalho pra fazer, o dia muito quente (mesmo aqui dentro) para tomar o terceiro café.

“Melhor escrever pra passar o sono”, penso. Termino e agora não sei mais o que fazer pra ele ir embora. Acho que vou encarar o café quente.

Sobremesa: "Eu faço samba e amor até mais tarde e tenho muito sono de manhã". (Chico Buarque)