4 de outubro de 2011




15 segundos

Você descendo da calçada, olhar reto atrás dos óculos escuros, fingindo que não me vê. Nos encontramos no meio da faixa, como aquelas pessoas que, tentando desviar, acabam esbarrando sempre no caminho um do outro. Inevitável que nossos olhos se encontrem mesmo entre lentes. As buzinas gritando nossos nomes, enquanto não nos damos conta de que o trânsito não espera.
O sinal fechou e não era você do outro lado. Segui em frente, olhar fixo na avenida. E o pensamento distante, preso no tempo e no espaço que você atravessa.


Sobre a mesa: "Não consigo um sim ou um não de seus olhos no tempo que dedico a eles. Muito nervoso, eu me sento, levanto, sento, ela continua de pé explicando outras coisas". (Jack Kerouac, Tritessa)

2 comentários:

Tyara disse...

ah! diacho de coração afoito que se atropela a cada paixão.

Fabiano disse...

De fato conterrâneos e contemporâneos...
E pensar que além das contas para pagar, dos protestos do oriente, da crise mundial, das pessoas que pedem nos ônibus... existe toda uma subjetividade que cada um de nós carregamos e que não sai no jornal.
Muito boa essa sintonia.