28 de abril de 2005


Alguma coisa que me alimente e me sustente.

* Obrigada pela foto, João. :)

Nas pálpebras cansadas, o peso das dietas fracassadas
Raquel Medeiros

Os dias me vêm sendo servidos assim como uma sopa rala. Sem carne e sem sal. Sem cor e sem graça.
Tomo colheres cheias e o prato não esvazia. Mas não enche. Não preenche. Não sacia.
Olham pra mim e dizem que eu preciso ganhar peso. Ah, se soubessem o quão pesada me sinto, o quanto penso que meu corpo é pequeno e pouco pra tanta coisa. Mas não há balança pra sentimentos, pra contratempos. Não há lugar onde a gente ponha os pés e o ponteiro indique que você precisa perder 3 quilos de tristeza, 6 de preocupação e 5 de desassossego.
“Me fale, doutor, o que preciso fazer pra ter a paz de volta?”
Ele me responde que é assim mesmo. Tem que ser sofrimento intensivo, doses diárias de reflexão – pra não se perder de si, nem dos outros; descanso e sonho.
“Sonho, doutor? Eu não tenho sonhado muito. Eu sequer consigo dormir.”

Sobremesa: "Ora sim, ora não, creio em parto sem dor/ mas o que sinto escrevo/ cumpro a sina/ (...)/ minha tristeza não tem pedigree/ já a minha vontade de alegria/ sua raiz vai ao meu mil avô/ vai ser coxo na vida é maldição pra homem/ mulher é desdobrável/ eu sou." (Adélia Prado)

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