19 de abril de 2005
Me revolta a falta. Me consola a volta.
*Na foto - Rodrigo Amarante.
Descrição de um quarto qualquer
Raquel Medeiros
Este é o quarto. Aquela é a escrevaninha, onde busco palavras, onde enceno rimas pra te fazer voltar.
Aqueles são os livros. Pobres páginas, tantas banhadas por lágrimas, poucas por risadas. Já nos traduziram tanto que hei de um dia juntar frases soltas, de cada um deles, para escrever nosso próprio livro. Repetido e infalível, como todo amor.
Ali estão meus discos. Me traduzem dispersos, trazendo na melodia e nos versos, o teu instrumento que insisto em tocar; o meu sentimento que não consigo cantar.
E agora que estás aqui, já não quero essas tantas coisas.
Só quero esta cama. E que tu faças morada nos meus desarrumados e inquietos lençóis.
Sobremesa: "Se tudo soubesses como é triste/ eu saber que tu partiste/ sem sequer dizer adeus/ ah, meu amor tu voltarias/ e de novo cairias a chorar nos braços meus." (Vinícius de Moraes)
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