8 de junho de 2005


"Mandei a frase sonhar, e ela se foi num labirinto."
(Paulo Leminski)

Às palmas e às vaias
Raquel Medeiros

A maquiagem que não esconde.
Alguns vão entender cada linha. Outros não vão entender nada. Desses que não vão entender, é possível encontrar os que vão sugerir significados; outros não se darão esse trabalho. Passarão a página e que venha outro texto mais digerível.
Não há desejo aqui em ser a saliva que ajuda a digestão, muito menos a pedra no caminho dos rins. Aqui sou a palavra escrita. Por vezes cortada, noutras cortante. Há a falta de cuidado e por hora, algumas combinações que dão certo.

O picadeiro que não significa espetáculo.
Por opção, e por uma vontade ou doença incurável de não conseguir parar de escrever. A platéia é quem decide se aplaude ou se torce para que o leão fuja no meio do espetáculo. Se se encanta com o coelho que sai da cartola, ou contrata alguém pra cortar a corda bamba. Sem rede de segurança.

A ausência da lona que não dispensa a platéia.
Aqui não há intencão de ferir nem de curar. Sou alguns dos verbos e poucos adjetivos que residem neste vale. Admito a opção minha. Aceito a opinião alheia.
Mas por favor, quando eu tirar a maquiagem e estiver tentando – forçadamente – dormir, façam silêncio, pois já basta o pensamento me ensurdecendo. E não puxem o lençol. Faz muito frio aqui.

Sobremesa: "Que o leão nunca esteja enjaulado/ para que não haja a fuga/ e o público não saia afobado/ antes do fim/ que a alegria creditada ao palhaço/ ocupe o lugar do cansaço/ cansaço que não desprende de mim." (Raquel Medeiros)

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