6 de janeiro de 2006
"Sem você sou pá furada."
(Rodrigo Amarante)
Sem sinal de fumaça
Raquel Medeiros
Noite insone, como de costume. Na mesa, um maço de cigarros. Vazio. Sinto vontade de fumar e me culpo por isso. O dia não foi bom. Ensolarado por fora. Nublado por dentro. Uma vontade de deixar tudo pra trás. De me deixar pra trás. De não saber quem sou. Por isso desejo um cigarro. Não consigo levantar nem pra contar os trocados para um maço. A que horas você volta? Não quero jantar sozinha de novo. Não quero ver Before Sunrise sozinha pela quinta vez e ficar com saudades dos nossos diálogos. Não quero adormecer no sofá e acordar sozinha, nessa espera vã. Não quero levantar e ter que encarar os outros e a mim mesma. Não quero enfrentar a rotina sozinha. Não consigo. E aquelas nuvens de chuva resolveram se espremer sobre os meus olhos. Mas apesar da dor, do choro e desse imenso vazio, só te peço que quando voltares traga-me um maço de cigarros.
Sobremesa: "O inverno aqui durou muito tempo/ não sei precisar, mas tive crises de choro fantasiadas de resfriados contínuos/ foi uma pneumonia branda/ Eu suo frio só de pensar em injeção/ mas todos os dias me forçava a tomar uma dose cavalar de ânimo pra enfrentar a vida". (Raquel Medeiros)
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