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Winter’s here
And there ain’t nothing gonna change. (Beth Gibbons)
Lamento
Raquel Medeiros
Noite. Ela construindo na mente cada detalhe. Primeiro foram os ombros... ah! Como queria encostar a cabeça naquele ombro e ver a vida passar como num filme. Os braços, armas de um abraço infalível. Como era difícil e doído pensar e não ter. Imaginar e não sentir.
Cada pormenor surgindo como num plano detalhe que vai abrindo e revelando todas as virtudes e discrepâncias (a essa altura tão bem-vindas). Lembrou que ele adora essa palavra – discrepância. Lembrou que o lugar ao seu lado continuava vazio.
Ainda havia uma esperança de dormir. E de encontrá-lo, quem sabe, num sonho. Mas não. O contraste das nuvens no céu ficando cada vez maior. A saudade que latejava no peito dela também.
Onde ele estaria agora? Seria possível promover hoje um encontro com o futuro? Ela sabia que não. Já era dia.
Sobremesa: Teu olhar mata mais do que bala de carabina/ que veneno extriquinina/ que pexeira de baiano/ teu olhar mata mais que atropelamento de automóvel/ mata mais que bala de revólver. (Adoniran Barbosa)
4 comentários:
As coisas encontram seu encaixe perfeito se a gente deixa...
a-do-rei a sobremesa =P
saudades! =*
e como um filme a gente vai se deixando envolver nesse texto e quando você vê, já é dia...
adorei! A sobremesa então! te amo
Muito bom.... muita atmosfera.....
gostoso demais de se ler ! =)
Bjus
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