9 de outubro de 2007


Duas colheres de ânimo para começar o dia.

Amanhã não se sabe
Raquel Medeiros

“Não se afobe não, que nada é pra já”. Chico repete isso no meu ouvido e eu me repito como um mantra. Eu sofro de uma ansiedade quase doentia: minhas unhas estão ruídas, minhas olheiras estão enormes, minha insônia é visita constante e aqui e ali tenho ostentado um cigarro entre o indicador e o dedo médio. Mas não adianta, já diria o Leminski - que os problemas têm família grande - e cá estou eu a fazer sala para todos eles.

Não quero aqui fazer um texto pra chorar minhas pitangas, pois há coisas boas acontecendo neste tempo de semi-exílio. Tenho fumado menos que antes (apesar da angústia), tenho saído menos (e me poupado de companhias e ressacas indesejáveis), tenho dado passos – pequenos, porém firmes – para um projeto que sempre quis. Logo vocês vão saber. Tenho essa mania – agora, depois de velha – de ser mais cuidadosa em falar sobre meus planos, pra evitar a fadiga e o mau-olhado (depois de velha a gente também começa a acreditar em certas coisas).

Hoje não tem poesia, nem prosa. Só um feijão com arroz que tenho requentado nesses últimos meses. Mas sinto um gosto bom na boca, uma sensação boa no peito. É, além de uma fumante ansiosa, eu sou otimista. E apesar de ter dias – constantes – em que queria ficar invisível e deixar de ser substantivo – tristeza e dúvida -, acredito que ainda posso ser verbo – ser muito mais.

Sobremesa: "Se o tempo passou, espero que ninguém me leve a mal/ mas se o samba quer que eu prossiga/ eu não contrario não/ com o samba eu não compro briga/ do samba eu não abro mão". (Chico Buarque)

5 comentários:

Anônimo disse...

Unhas rOídas...

;)

Unknown disse...

feijão com arroz delicioso que me faz feliz de ver que apesar das nuvens...
Here comes the sun! =** te amo

Anônimo disse...

Não se afobe não, que nada é pra já. Amores erão sempre amáveis... E as amizades também.

Querida Quel te tenho sempre nas minhas belas saudades e nos meus sonhos futuros, ainda que não saiba quais são os teus, mas fazes bem: guarda que a glória não tarda.

Beijos tropicais
Ty

Helio Lambais disse...

"Como feijão e arroz
que só se encontram depois
de abandonar a embalagem..."

Bom texto-confessional..... gostei bastante, chega a ser bem parecido com meus dias !

Bisous

Lorena Travassos disse...

acho que to e quero ta nessa fase... pessoas as vezes roubam a nossa energia e é bom demais saber que o tempo ta bem aproveitado e que os planos sao muitos. Eu tb sou velha e nao digo a todo mundo o que será da minha vida, vai que o olhar gordo eh tão grande que a gente nao vai conseguir ver la no outro lado.
mas é bom te ver, apesar da minha pouca visão e audição.
heheheh
=*