11 de janeiro de 2008


Maria tinha uma pedra, um sapato e um caminho.
No meio do caminho a pedra entrou no sapato
e Maria nunca alcançou o céu. (Raquel Medeiros)

Strangers in the night
Raquel Medeiros

Quando eu e Julio nos encontramos na solidão do quarto, somos amantes contrários. Ele chega com a calma, sem a pressa de responder minhas perguntas (e são tantas!), com uma tranqüilidade admirável e intrigante. Eu chego com a ansiedade (as mulheres no geral sempre querem que o dia chegue à véspera), com a náusea a ser curada, com o vazio a ser preenchido. Mas chegamos os dois, assim como Oliveira e a Maga, sem nos procurar, mesmo sabendo que deveríamos e que vamos (inevitavelmente) nos encontrar.
Eu sigo suas indicações e me emociono “como pode um estranho saber tanto de mim?”. Da desordem que começa na minha bolsa e que se estende às questões sentimentais. O Julio sabe que o único caminho certo é o do sangue nas veias, e que todo o resto se move como num jogo de amarelinha. Um chão riscado, uma pedra na mão e fé no passo – onde quer que ele nos leve. Encontraremos o céu?

Sobremesa: "E, se nos mordermos, a dor é doce/ e, se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela/ E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura/ e eu te sinto tremular contra mim, como uma lua na água". (Julio Cortázar. O Jogo da Amarelinha, capítulo 7).

2 comentários:

Anônimo disse...

gostei muitoooo amor...
adoro te ouvir falar desse livro, cada vez mais me dá mais vontade de ler esse livro, descobrir o porquê desse encantamento. hehehe

voltou a postar com classe! =*****

Lorena Travassos disse...

como leu falou, eu repito: postou com classe!
não para, não para nêga! que o céu é o limite do nosso carnaval. ;)
=*