19 de fevereiro de 2008
in the car - roy lichtenstein
Lembranças de viagem em três atos
Raquel Medeiros
Primeiro ato
Lembro de quando chegamos num novo destino. As malas bem arrumadas para não amarrotar meus vestidos, nem suas camisas. Compartilhamos o xampu, o creme dental e o espelho. Abrimos um vinho – ou cerveja, ou mesmo uma água sem gás – e brindamos o começo. Bebemos e acendemos nossos cigarros. Agora há um silêncio mútuo, um olhar cúmplice, um beijo apaixonado e o infinitivo 'enquanto durar'.
Segundo ato
Lembro das malas desarrumadas. Suas cuecas espalhadas e eu ainda tentando colocar alguma ordem como se aquele lugar fosse nosso quarto, nossa casa. Passamos o dia com uma preguiça inerente. As forças concentradas no corpo – do outro.
Terceiro ato
Lembro do nosso banho rápido, onde já nem conto teus sinais. Das roupas sendo jogadas sem paciência de volta à mala. A vontade de ficar e a porta que abre lentamente. Estamos indo para sempre.
Sobremesa: "O amor é uma agonia/ vem de noite/ vai de dia/ é uma alegria e de repente uma vontade de chorar".(Vinícius de Moraes)
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2 comentários:
Viajar sempre é bom mas o terceiro ato... =*******
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