Prato do dia: Poesia
Queria só agradecer os comentários. Todos. Beijos.
A nossa casa
Raquel Medeiros
Eu trouxe essa casa pra nós
Carreguei-a nos meus braços
Parecia pesada, mas não era
Leve, acho que era a ânsia
Ânsia de ficarmos sós.
Cada cômodo tem sua cor
A viva cor dos nossos dias
Móveis macios como as nossas horas
E um muro alto
Pra espantar toda a dor.
A mais bela das casas
Tem as janelas sempre abertas
E um imenso jardim
Não esqueça
Se a casa criar asas
Por favor, espere por mim.
29 de abril de 2004
27 de abril de 2004
Elis, o que você vai ser quando crescer?
Raquel Medeiros
Elis, 7 anos, pediu a mãe pra ver suas fotos de criança – como se não o fosse mais. E para sua surpresa, viu um álbum cheio de fotos dos seus olhos, ora tristes, ora reluzentes, ora bravos, ora indefiníveis. Perguntou à mãe o porquê daquilo, e ela respondeu que através dos olhos você podia imaginar como o resto está, inclusive por dentro. Elis ficou fascinada.
Semanas depois, a mãe, Lívia, é chamada à escola. Conversa com professora quase nunca é coisa boa. Marina, professora de Elis, aflita, diz a Lívia que passou um trabalho para os alunos. Tirar fotos uns dos outros. Iam fazer uma espécie de exposição. Lívia apressou-se e disse “imagino que a Elis tenha tirado fotos apenas dos olhos dos coleguinhas”. A professora respondeu “de fato” e emendou “o que me impressionou mesmo foi que ela colocou legendas. Abaixo da foto do Álvaro estava escrito ‘alma que gosto’; da foto da Cecília ‘alma amiga’; e da foto da Ester, que perdeu os pais num acidente, recentemente, estava escrito ‘sem alma’”.
Raquel Medeiros
Elis, 7 anos, pediu a mãe pra ver suas fotos de criança – como se não o fosse mais. E para sua surpresa, viu um álbum cheio de fotos dos seus olhos, ora tristes, ora reluzentes, ora bravos, ora indefiníveis. Perguntou à mãe o porquê daquilo, e ela respondeu que através dos olhos você podia imaginar como o resto está, inclusive por dentro. Elis ficou fascinada.
Semanas depois, a mãe, Lívia, é chamada à escola. Conversa com professora quase nunca é coisa boa. Marina, professora de Elis, aflita, diz a Lívia que passou um trabalho para os alunos. Tirar fotos uns dos outros. Iam fazer uma espécie de exposição. Lívia apressou-se e disse “imagino que a Elis tenha tirado fotos apenas dos olhos dos coleguinhas”. A professora respondeu “de fato” e emendou “o que me impressionou mesmo foi que ela colocou legendas. Abaixo da foto do Álvaro estava escrito ‘alma que gosto’; da foto da Cecília ‘alma amiga’; e da foto da Ester, que perdeu os pais num acidente, recentemente, estava escrito ‘sem alma’”.
Sem título
Sempre acho complicado colocar título nos meus textos, não sei exatamente porquê. É difícil, é como colocar nome em filho (exageros à parte), você tem que pensar que as pessoas vão identificá-lo através dele, e o mais importante: ele precisa identificar-se com o nome. Mas o texto que eu vou colocar tem nome, e até que não foi difícil...
E aí, vai um Bis?
Raquel Medeiros
Ele me disse que eu acharia a felicidade numa caixa de Bis. Algumas mulheres já tinham testado, lhes fazia bem. Comprei duas, e nem sou tão fã de chocolate. Mas queria achar a tal felicidade. No fim do dia liguei pra ele, e perguntei de novo “onde encontro a felicidade?”. Ele perguntou se eu tinha comprado os chocolates. “Duas caixas”, respondi. “E aí?” – Ele parecia realmente curioso. Respondi que aquele nome me iludia, me fazia abrir um, depois outro e mais outro. Depois de um tempo, tenho duas caixas vazias e um embrulho no estômago. E o pior: em nenhuma barrinha estava escrito “felicidade”.
Sempre acho complicado colocar título nos meus textos, não sei exatamente porquê. É difícil, é como colocar nome em filho (exageros à parte), você tem que pensar que as pessoas vão identificá-lo através dele, e o mais importante: ele precisa identificar-se com o nome. Mas o texto que eu vou colocar tem nome, e até que não foi difícil...
E aí, vai um Bis?
Raquel Medeiros
Ele me disse que eu acharia a felicidade numa caixa de Bis. Algumas mulheres já tinham testado, lhes fazia bem. Comprei duas, e nem sou tão fã de chocolate. Mas queria achar a tal felicidade. No fim do dia liguei pra ele, e perguntei de novo “onde encontro a felicidade?”. Ele perguntou se eu tinha comprado os chocolates. “Duas caixas”, respondi. “E aí?” – Ele parecia realmente curioso. Respondi que aquele nome me iludia, me fazia abrir um, depois outro e mais outro. Depois de um tempo, tenho duas caixas vazias e um embrulho no estômago. E o pior: em nenhuma barrinha estava escrito “felicidade”.
26 de abril de 2004
Casa nova, texto novo
Esses dias eu tenho escrito bastante. Estou impressionada. É verdade que alguns vão ser editados, incinerados, esquecidos simplesmente. Outros vou guardar para os dias de seca. Bem, gostei muito do template. Obrigada, Leo. Beijos!
Mandarim
Raquel Medeiros
Eu não estava entendendo nada do que ele dizia. Olhava atentamente. Para os lábios. Para os olhos. Para os gestos. E nada.
Alguém que eu nunca vi na vida e que, por acaso ou não, estava passando na hora, disse “ele está falando em mandarim”. Pensei “e por que eu? Por acaso eu tenho cara de quem fala ou entende mandarim?” Ele balançou a cabeça de um lado para o outro, negativamente, não sei se negando o fato de estar falando em mandarim ou o fato de eu entender mandarim. Fiquei um tempo. Alguma coisa nele me fazia ficar lá.
Olhei em seus olhos e disse, pausadamente, para ser entendida: “Eu não entendo o que você está falando, e se você não falar direito, não me fizer entender, eu vou embora!”. Ele pôs as mãos na cabeça desesperadamente. Me olhou nos olhos, e disse “Um beijo. Eu só queria um beijo”. Não tinha um dente sequer. Fiquei apavorada. Fugi.
Esses dias eu tenho escrito bastante. Estou impressionada. É verdade que alguns vão ser editados, incinerados, esquecidos simplesmente. Outros vou guardar para os dias de seca. Bem, gostei muito do template. Obrigada, Leo. Beijos!
Mandarim
Raquel Medeiros
Eu não estava entendendo nada do que ele dizia. Olhava atentamente. Para os lábios. Para os olhos. Para os gestos. E nada.
Alguém que eu nunca vi na vida e que, por acaso ou não, estava passando na hora, disse “ele está falando em mandarim”. Pensei “e por que eu? Por acaso eu tenho cara de quem fala ou entende mandarim?” Ele balançou a cabeça de um lado para o outro, negativamente, não sei se negando o fato de estar falando em mandarim ou o fato de eu entender mandarim. Fiquei um tempo. Alguma coisa nele me fazia ficar lá.
Olhei em seus olhos e disse, pausadamente, para ser entendida: “Eu não entendo o que você está falando, e se você não falar direito, não me fizer entender, eu vou embora!”. Ele pôs as mãos na cabeça desesperadamente. Me olhou nos olhos, e disse “Um beijo. Eu só queria um beijo”. Não tinha um dente sequer. Fiquei apavorada. Fugi.
25 de abril de 2004
All the time
- Toque novamente.
- Por que? Essa já é a terceira vez.
- Adoro piano. Adoro essa música. E a sua voz também.
- Mas eu não estou cantando.
- Tudo está aqui, na minha cabeça. E na sua também.
- I know.
- Seria bom se você pudesse dançar comigo.
- Eu posso. Tudo está na sua cabeça. E na minha também.
- I know.
I Know - Fiona Apple
So be it, I'm your crowbar
If that's what I am so far
Until you get out of this mess
And I will pretend
That I don't know of your sins
Until you are ready to confess
But all the time, all the time
I'll know, I'll know
And you can use my skin
To bury secrets in
And I will settle you down
And at my own suggestion,
I will ask no questions
While I do my thing in the background
But all the time, all the time
I'll know, I'll know
Baby - I can't help you out, while she's still around
So for the time being, I'm being patient
And amidst this bitterness
If you'll just consider this - even if it don't make sense
All the time - give it time
And when the crowd becomes your burden
And you've early closed your curtains,
I'll wait by the backstage door
While you try to find the lines to speak your mind
And pry it open, hoping for an encore
And if it gets too late, for me to wait
For you to find you love me, and tell me so
It's ok, don't need to say it.
- Toque novamente.
- Por que? Essa já é a terceira vez.
- Adoro piano. Adoro essa música. E a sua voz também.
- Mas eu não estou cantando.
- Tudo está aqui, na minha cabeça. E na sua também.
- I know.
- Seria bom se você pudesse dançar comigo.
- Eu posso. Tudo está na sua cabeça. E na minha também.
- I know.
I Know - Fiona Apple
So be it, I'm your crowbar
If that's what I am so far
Until you get out of this mess
And I will pretend
That I don't know of your sins
Until you are ready to confess
But all the time, all the time
I'll know, I'll know
And you can use my skin
To bury secrets in
And I will settle you down
And at my own suggestion,
I will ask no questions
While I do my thing in the background
But all the time, all the time
I'll know, I'll know
Baby - I can't help you out, while she's still around
So for the time being, I'm being patient
And amidst this bitterness
If you'll just consider this - even if it don't make sense
All the time - give it time
And when the crowd becomes your burden
And you've early closed your curtains,
I'll wait by the backstage door
While you try to find the lines to speak your mind
And pry it open, hoping for an encore
And if it gets too late, for me to wait
For you to find you love me, and tell me so
It's ok, don't need to say it.
21 de abril de 2004
De mudança...
Aqui estou eu mudando de endereço outra vez... mas desta vez também há uma boa justificativa: o layout do antigo endereço era medonho! Leo* - my dear - se dispôs a fazer um layout decente pra mim, e aqui no blogspot ele achava melhor. Ficou linda a imagem que ele fez... Estou feliz com a mudança, estava de saco cheio do outro, e mudar de vez em quando faz bem.
Dedicatória
Mário Quintana
Quem foi que disse que eu escrevo para as elites?
Quem foi que disse que eu escrevo para o bas-fond?
Eu escrevo para a Maria de Todo o Dia.
Eu escrevo para o João Cara de Pão.
Para você, que está com este jornal na mão...
E de súbito descobre que a única novidade é a poesia,
O resto não passa de crônica policial - social - política.
E os jornais sempre proclamam que "a situação é crítica"!
Mas eu escrevo é para o João e a Maria,
Que quase sempre estão em situação crítica!
E por isso as minhas palavras são quotidianas como o pão nosso de cada dia
E a minha poesia é natural e simples como a água bebida na concha da mão.
* Ele merece um "post" só pra ele. Por me ajudar com isso. Por ser uma das pessoas mais maravilhosas que eu conheço. Por ser meu amigo, meu namorado,... Amo você! Na maior e melhor (se é que existe alguma ruim) acepção que esta palavra tenha.
Aqui estou eu mudando de endereço outra vez... mas desta vez também há uma boa justificativa: o layout do antigo endereço era medonho! Leo* - my dear - se dispôs a fazer um layout decente pra mim, e aqui no blogspot ele achava melhor. Ficou linda a imagem que ele fez... Estou feliz com a mudança, estava de saco cheio do outro, e mudar de vez em quando faz bem.
Dedicatória
Mário Quintana
Quem foi que disse que eu escrevo para as elites?
Quem foi que disse que eu escrevo para o bas-fond?
Eu escrevo para a Maria de Todo o Dia.
Eu escrevo para o João Cara de Pão.
Para você, que está com este jornal na mão...
E de súbito descobre que a única novidade é a poesia,
O resto não passa de crônica policial - social - política.
E os jornais sempre proclamam que "a situação é crítica"!
Mas eu escrevo é para o João e a Maria,
Que quase sempre estão em situação crítica!
E por isso as minhas palavras são quotidianas como o pão nosso de cada dia
E a minha poesia é natural e simples como a água bebida na concha da mão.
* Ele merece um "post" só pra ele. Por me ajudar com isso. Por ser uma das pessoas mais maravilhosas que eu conheço. Por ser meu amigo, meu namorado,... Amo você! Na maior e melhor (se é que existe alguma ruim) acepção que esta palavra tenha.
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