26 de abril de 2004

Casa nova, texto novo

Esses dias eu tenho escrito bastante. Estou impressionada. É verdade que alguns vão ser editados, incinerados, esquecidos simplesmente. Outros vou guardar para os dias de seca. Bem, gostei muito do template. Obrigada, Leo. Beijos!

Mandarim
Raquel Medeiros

Eu não estava entendendo nada do que ele dizia. Olhava atentamente. Para os lábios. Para os olhos. Para os gestos. E nada.
Alguém que eu nunca vi na vida e que, por acaso ou não, estava passando na hora, disse “ele está falando em mandarim”. Pensei “e por que eu? Por acaso eu tenho cara de quem fala ou entende mandarim?” Ele balançou a cabeça de um lado para o outro, negativamente, não sei se negando o fato de estar falando em mandarim ou o fato de eu entender mandarim. Fiquei um tempo. Alguma coisa nele me fazia ficar lá.
Olhei em seus olhos e disse, pausadamente, para ser entendida: “Eu não entendo o que você está falando, e se você não falar direito, não me fizer entender, eu vou embora!”. Ele pôs as mãos na cabeça desesperadamente. Me olhou nos olhos, e disse “Um beijo. Eu só queria um beijo”. Não tinha um dente sequer. Fiquei apavorada. Fugi.

Nenhum comentário: