Elis, o que você vai ser quando crescer?
Raquel Medeiros
Elis, 7 anos, pediu a mãe pra ver suas fotos de criança – como se não o fosse mais. E para sua surpresa, viu um álbum cheio de fotos dos seus olhos, ora tristes, ora reluzentes, ora bravos, ora indefiníveis. Perguntou à mãe o porquê daquilo, e ela respondeu que através dos olhos você podia imaginar como o resto está, inclusive por dentro. Elis ficou fascinada.
Semanas depois, a mãe, Lívia, é chamada à escola. Conversa com professora quase nunca é coisa boa. Marina, professora de Elis, aflita, diz a Lívia que passou um trabalho para os alunos. Tirar fotos uns dos outros. Iam fazer uma espécie de exposição. Lívia apressou-se e disse “imagino que a Elis tenha tirado fotos apenas dos olhos dos coleguinhas”. A professora respondeu “de fato” e emendou “o que me impressionou mesmo foi que ela colocou legendas. Abaixo da foto do Álvaro estava escrito ‘alma que gosto’; da foto da Cecília ‘alma amiga’; e da foto da Ester, que perdeu os pais num acidente, recentemente, estava escrito ‘sem alma’”.
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