3 de maio de 2005


I can't take my eyes off of you...

Rascunho de carta. Rascunho de vida
Raquel Medeiros

Sebastian,

Essa é mais uma carta que te escrevo. Já foram tantas... todas sem resposta.
Faz frio aqui. Gela o seio e o anseio. Não é falta de ter alguém. É a sua falta. O jeito com o qual se despedia e subia na motocicleta. Colocava o capacete bem devagar e soltava um sorriso safado. Eu adorava isso... Adorava o demônio que existe em você – me tentava, me desorientava...
O cigarro acabou. O café tá amargo. A vitrola quebrou. Tudo desandou depois que você se foi. Eu desaprendi a cuidar de mim. Eu desaprendi a olhar pra mim. No espelho só vejo as marcas que você deixou no meu corpo, nos meus olhos, na minha alma.
Era pra ser pra sempre.
E eu, que sempre fui amante dos verbos, tive que me acostumar a ser mais substantivo – saudade, solidão, tristeza.
Caso você leia esta carta, saiba que estou mudando. E se você voltar, procura um quarto verde. E se eu não estiver, pode ficar à vontade. E aqui registro a vontade de te ver voltar.

Com saudades,
Claire.

Sobremesa: "So if it's true/ that love will never die/ then why do the lovers work so hard/ to stay alive?" (The Cardigans)

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