30 de maio de 2005


"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar." (Mário Quintana)

Terminal de passageiros
Fernando Bonassi

Eu tenho tanta saudade, mas tanta saudade de você, que poderia agarrar qualquer uma dessas perfumadas que me vão à frente em escadas rolantes. Roupas novíssimas pra despedidas. Encontros festivos. Passagens puídas de excitação por qualquer lugar diferente. Desaforos levados e trazidos a essa terra roxa e de fuso muito específico. Enquanto você estivesse aí viajando, alta demais pra mim, eu casaria com todas elas. Sem que me soubessem, daria a cada uma o seu carinho; sentiria em cada mordida o sabor de sua carne crua. Eu as sustentaria nos braços e nos bolsos; as amaria pra sempre e, quando você chegasse, fugiria de tudo. Me divorciaria do que poderia ser. Deixaria filhos pequenos, patrimônio hipotecado e alguma lembrança triste.

Sobremesa: "Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto/ esse eterno levantar-se depois de cada queda/ essa busca de equilíbrio no fio da navalha/ essa terrível coragem diante do grande medo/ e esse medo infantil de ter pequenas coragens." (Vinicius de Moraes)

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