11 de abril de 2006
"Não importa mais o que foi perdido, importa apenas o teu sorriso e nada
mais" - Paulinho da Viola
* Texto antigo e querido. ;)
River
Raquel Medeiros
River. Seu nome escrito assim mesmo, como rio. Os olhos dele. O meu acanhamento. O seu sorriso largo. O meu sorriso tímido. 13:00. O almoço. A conta. Eu pago. Você paga. Nós pagamos. A ida à biblioteca. A digestão. Eu recito Byron. Ele recita Sade. As segundas intenções. O desejo mútuo. A ida ao apartamento dele. As minhas mãos frias e suadas. A chave rodando na fechadura. A desistência. A desistência de desistir. Pé direito. Pé esquerdo. O vinho. A música. Chet Baker. O piano. o trompete. A dança. As taças vazias. O beijo com gosto de vinho. 19:00. O tesão. O sorriso. A troca de olhares. O desaparecimento das roupas. As mãos. Os seios. As costas. A boca. A nuca. A cama. Os quadris. O movimento. O sussurro. O suor. O deleite. O gozo. O descanso. O banho. A volta. O tesão. As repetições. O abraço. 23:00. O avanço da hora. O beijo de despedida. A volta pra casa. A distância. O jantar. O lugar vazio na mesa. Uma taça. O cigarro. 01:00. Acordo. O sonho. Não era verdade. Nem poderia. Não conheço nenhum River, escrito assim mesmo, como rio.
Sobremesa: "Não me importa juras de amor eterno/ importa que o amor seja céu e inferno/ interno e externo/ seja como for/ fostes um sonho de amor/ adormeci no meu leito/ acalentada em teu peito/ e acordei afogada num rio de solidão e dor". (Raquel Medeiros)
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