A insistência dos dias
Raquel Medeiros
Acordou triste. Domingos são assim, parece que foram dedicados à melancolia, à tristeza. E não importa o que se faça, sempre há uma dose dela.
Levantou da cama apesar da resistência, pôs uma música e foi fazer coisas prosaicas como tomar banho, escovar os dentes, comer. O dia estava agitado demais. Estranhou.
As pessoas na rua estavam demasiadamente felizes. Ela pensou “que descaso com o domingo!”. Voltou pra casa, leu alguns poemas do Rimbaud, não agüentou o clima de felicidade, ligou para alguém de confiança e perguntou “que dia é hoje?”. A voz respondeu “hoje é sábado”. Esqueceu de tirar as folhinhas do calendário fazia uma semana, e pensou “vou arrancá-las e deixar a de sábado, até a segunda, e o domingo será bom”. Dormiu. Não teve jeito. Acordou triste. Perdeu uma semana.
Sobremesa: La Valse d'Amelie
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