29 de novembro de 2004

Textos antigos, só pra tirar um pouco o mofo.

Amanhã
Raquel Medeiros

Amanhã eu não sei
Talvez eu acorde sedado
E pegue o ônibus errado
Só pra ver onde vai dar.

Amanhã eu não sei
Talvez eu acorde inspirado
E minta desavergonhado
Só pelo prazer de enganar.

Amanhã eu não sei
Talvez eu acorde endemoniado
E mate o cara errado
Só pela distração de ver sangrar.

Amanhã eu não sei
Talvez eu acorde finado
E finja estar acordado
Só pra esse verso rimar.


Poema deixado embaixo da porta
Raquel Medeiros

E se falta o abraço
Eu posso desatar esse maldito laço
Que me enforca
Ao invés de me enfeitar.

Por mais que me sobre bondade
A grande verdade
É que o desdém me sufoca
Mais do que posso suportar.

Mas não se importe
Que com um pouco de sorte
Em breve me verás morta
E nem precisa fingir chorar.

Sobremesa: "Esse papel de parede de fungo/ não combina com a decoração do teu quarto/ mas cai bem com a do coração/ no entanto, não deixa isso se alastrar/ abre portas e janelas/ arranca o teto/ e deixa o sol entrar". (Raquel Medeiros)

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