Lorena e sua sagrada vocação de faminta
Raquel Medeiros
Viu o corpo dele na fotografia
Parecia tão leve...
Ela tinha inveja mesmo era dos traços
Que não saiam da pele dele...
Através da foto – o espionava e o absorvia
Era vontade de sorver seu beijo
Era vontade de que passasse o dia
E que a noite viesse para efetivar o desejo.
Lembrava do quanto é bom quando ele está por perto
De quando brincam de ficar mudos...
O resto do mundo vira deserto
E nos olhos dele esquece tudo...
Queria livrar-se da poesia insuficiente
Que só fazia ausência
Queria que a poesia fosse eficiente
E construísse a sua presença.
Pedia repouso para as saudades
E dela, tinha dó
Pois sabia, que mesmo contra sua vontade
Não a deixava só.
Pedia compaixão
Que ele não lhe faltasse por tanto tempo...
Que dentro dela não havia um relógio; e sim um coração
E que cansava tê-lo só em pensamento.
Sobremesa: "Era um viver que eu não pagara de antemão com o sofrimento da espera, fome que nasce quando a boca já está perto da comida." (Clarice Lispector)
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