25 de agosto de 2004

A alma insiste em escrever, em descrever. E a sobremesa é de um amigo. Amigo de pouco tempo contado e muito vivido.

Armadura – Arma dura
Raquel Medeiros

O corpo vai ao sol. A alma ainda tímida, até ameaça ver os primeiros raios. Pobre alma, tão medrosa, tão hesitante. Se a carne é fraca; a alma é covarde.
O grande sonho da alma é que o ano tenha apenas duas estações: outono e inverno. Impossível, já falei pra ela. Mas ela insiste: ‘no verão, eu não saio’.
Então fica aí, presa dentro deste corpo apertado, muito menor que você. Fica aí escondida do sol; escondida da gente; escondida da vida. Parece que é feita de água; tem medo de evaporar. Parece que é feita de sorvete; tem medo de derreter.
Ela é feita mesmo de sonho. Tem medo que o sol evapore seus sentimentos; derreta suas aspirações. Fica aí mesmo... pensando no que poderia ser aqui fora. Bem ou mal, você está a salvo dentro do corpo. Ou não...

Sobremesa: "Prepara-se o café / mistura-se o leite / molha-se o pão / cria-se o silêncio / ouve-se apenas o coração / não agüento mais me escutar / é sempre o mesmo discurso / dor, medo e solidão". (Tiago Tenório)

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