12 de agosto de 2004

Por favor, entre sem bater
Raquel Medeiros

Ele vinha da rua, da boemia, de outras camas. Ela, já cansada de outros orgasmos – dos outros. A noite tinha sido intensa, mas a visita dele ela não podia recusar.
Tudo foi sarado com um beijo – a porta batida na cara, os palavrões inflamados, os insultos à sua perna manca. Ele sabia que para ela o dinheiro não valia muita coisa; mas doses de carinho compravam quase tudo. E assim ele comprou, inclusive o amor dela.

Sobremesa: “Mas é carnaval/ não me diga mais quem é você/ amanhã tudo volta ao normal/ deixa a festa acabar/ deixa o barco correr/ deixa o dia raiar que hoje eu sou da maneira que você me quer/ o que você pedir eu lhe dou/ seja você quem for/ seja o que Deus quiser”. (Noite dos mascarados – Chico Buarque)

Nenhum comentário: