31 de agosto de 2004

Quem é morto pelo raio não ouve o trovão
Raquel Medeiros

No jardim

Eu peço perdão
Pelos palavrões em vão
Pelo presente jogado no chão
Por não ter segurado a sua mão
Na hora do furacão.

Na sala

Eu peço perdão
Por não ter feito a correção
Nos diálogos sem emoção
Nos silêncios sem razão
Na dança sem canção.

No quarto

Eu peço perdão
Por dizer sim quando queria o não
Pela distração e indisposição
Quando tentavas atrair a minha atenção.

Na despedida

Eu peço perdão
Porque estás a sete palmos do chão
Inativo como um canhão
Indefeso à provocação
Mudo como a solidão
Morto como a inspiração.

Sobremesa: "O perdão não põe a mesa/ mas pode salvar o jantar/ o erro repete o feito/ repete o feio/ e pode ser tarde pra voltar". (Raquel Medeiros)

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