6 de agosto de 2004

Derreta
Raquel Medeiros

Há uma fina, mas resistente camada de gelo acima de mim, dificultando minha respiração, congelando meus sentimentos. Não consigo quebrá-la. Quebrei o punho e alguns órgãos internos tentando.
Aqui embaixo está muito frio. Perdi a cor. Perdi a dor. Tudo está dormente – meus lábios, seios, braços e anseios.
E você que me julgava forte. Venha aqui e veja com seus olhos o que restou da minha solidez. Veja o estrago da sua sordidez.
Eu fiquei aqui esperando você. Veio a noite e você... nada. Veio o dia e você... nada. Eu nado, nado e nada. Nada de você.

Sobremesa: "Oh can anybody see the light/ where the morn meets the dew/ and the tide rises". (Strangers - Portishead)

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