3 de agosto de 2004

Versos a duas mãos*
Raquel Medeiros

Palavras batizam filhos; batizam armas
Desistem dos desafios; desistem das más ações
Riem à falsidade dos elogios
Explodem à sinceridade dos palavrões.

Tão bom brincar com elas no céu da boca
Ruim é procurar a que melhor expressa
A que melhor descreve; a que melhor se adapta.

Desejo ou vontade?
Saudade ou falta?

Que as palavras estejam afiadas
Mas não te cortem a carne
Que cada verso seja a redenção dos meus pecados
Que perdoem a má escolha das sílabas,
A má disposição
A preguiça de procurar sinônimos
E só querer jogar com as que tenho à mão.

Dê-me uma delas; a mais bonita
A que condiz com a tua vontade
"Preciso pensar - essa é difícil
Mas acho que a palavra é liberdade".

Sobremesa: La dispute - Yann Tiersen (trilha sonora de O fabuloso destino de Amélie Poulin)

* Co-autor me fez prometer que não colocaria seu nome. Pronto. Promessa cumprida.

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