8 de julho de 2004

O mundo é um moinho
Raquel Medeiros

Ela não queria que notassem sua tristeza. Tinha vergonha, sem falar na fama de forte. Resolveu ir à festa mesmo assim. Caprichou na maquiagem e foi.
Chegou lá, distribuiu sorriso pra todo mundo. Até parecia feliz. Dançou, bebeu, beijou. Foi até o banheiro dar uma olhada na aparência, e, para sua surpresa a maquiagem borrou. Não era um borrado qualquer – isso seria comum. Um traço de lápis escorrera dos seus olhos, e escreveu – com todas as letras – “fake” no seu rosto.

Sobremesa: "Preste atenção, querida/de cada amor tu herdarás só o cinismo/quando notares estás à beira do abismo/abismo que cavastes com teus pés". (O mundo é um moinho)

Nenhum comentário: