16 de julho de 2004

Xeque-mate
Raquel Medeiros
 
Fiz uma pergunta tão simples e parecia que eu tinha feito uma grande jogada de xadrez. Ele parou – acho até que parou de respirar – e ficou olhando para o nada. Pensando... Pensando. Ficou tanto tempo assim que achei que ele estivesse devaneando sobre outras coisas; ou morrido.
Perguntei de novo – só pra ter certeza de que ele estava vivo e ali. Ele me olhou fixamente nos olhos e nada disse. Virou-se e saiu andando. “Como assim?” “É essa a resposta? Ou melhor, vou ficar sem resposta?”. Segurei seu braço e devolvi o olhar, só que com um pouco mais de coragem do que ele quando o fez. “É, eu sou covarde”, ele disse. Fiquei atônita, tonta. Minhas pernas enfraqueceram. Meu coração – tão acelerado até então – quase parou. Ele não sabe, mas naquela hora quem deu o xeque-mate foi ele.
 
Sobremesa: "Try, try, try just a little bit harder/ So I can love, love, love him, I tell myself /Well, I'm gonna try yeah, just a little bit harder/ So I won't lose, lose, lose him to nobody else". (Try (just a little bit harder) - Janis Joplin)

Nenhum comentário: