15 de setembro de 2004

Dúvida sádica
Raquel Medeiros

A dúvida me tirou a força
Colocou-me na forca
E a alma fraca
Não consegue fugir.

Dilema que me trava a garganta
Cala a minha voz de aflição
É a dor de dar resposta à interrogação que se levanta
É a dor de escolher entre o sim e o não.

Incerteza que esfria a noite alta
E quase me queima com a chegada do dia
O sono, é verdade, faz falta
Mas o que me mata é essa apatia.

É a certeza de que Deus é uma farsa
E que meu destino não há outro quem faça
A não ser eu mesma, covarde carcaça
Que se amedronta e se amordaça
Mas sabe que não adianta fazer pirraça
Pois a dúvida instiste; não passa
E de mim não tem dó
Ao contrário, acha graça.

Sobremesa: "Será que a rainha consegue dormir/ agir com desdém/ quando tem que decidir se corta ou não a cabeça de alguém?!" (Raquel Medeiros)

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