20 de setembro de 2004

Noite insone
Raquel Medeiros

Como é difícil escrever uma carta...
Mentiras aqui eu posso dizer
E isso pode fazer sentido
Podem parecer verdades pra você
Mas atrás de inúteis armas
A alma não quer se esconder...
Fico aqui, olhando a margem
E tentando, através destas palavras
Contruir uma imagem
Que expresse o que eu não consigo dizer...
Daqui tenho a janela aberta
E vejo que parou de chover
As pessoas começam a sair de suas casas
Ainda temerosas com a água
Mas com muita vontade de viver
E só eu fico a escrever cartas
Pra quem nunca vai responder...
Mas um dia eu crio asas
E essa maldita dúvida há de morrer!

Sobremesa: "O que será que me dá/ que me queima por dentro será que me dá/ que me perturba o sono será que me dá/ que todos os ardores me vem atiçar/ que todos os tremores me vem agitar/ e todos os suores me vem encharcar/ e todos os meus nervos estão a rogar/ e todos os meus órgãos estão a clamar". (Chico Buarque)


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